CAMINHO DE SANTIAGO A PÉ EM13 DIAS!

19 - Dia 13 do Caminho - Monte Gozo a Santiago de Compostela

O destino não chegava nunca. Atravessei duas longas pontes para entrar na cidade e dá-lhe caminhada. Algumas placas junto ao Monumento do Peregrino davam as boas-vindas. Fui solicitado a fotografar um grupo e eles também me fotografaram.

Depois de andar mais uns 30 minutos já na zona urbana da cidade, finalmente a emoção de enxergar as Torres da Catedral. Indescritível, eu havia conseguido!!! Mesmo agora, escrevendo o texto, sinto toda a energia daquele momento chegando a praça do Obradoiro. Uma infinidade de sentimentos misturando todas as emoções que um ser humano possa sentir, passando da alegria às lagrimas numa euforia maravilhosa. Tudo isso ao som de gaitas de fole tocando na praça lateral à igreja e uma verdadeira multidão de peregrinos.

Fui até a porta de entrada da Catedral, mas os seguranças não permitiam entrar com mochilas. Estávamos há poucos dias dos atentados em Paris e todos os cuidados estavam sendo tomados, na minha opinião corretamente, para evitar qualquer problema. Entrar ou não na igreja, a esta altura não fazia a menor diferença; os sentimentos de realização e gratidão por ter conseguido chegar eram dos mais fortes que já havia experimentado.

Tirei algumas fotos em frente à Catedral e decidi então ir até o hotel onde havia me hospedado no ano anterior – AC PALÁCIO DEL CARMEM – para tomar um banho e dar uma relaxada. Felizmente o hotel tinha vaga naquela quinta-feira, mas fui avisado que estavam lotados nos próximos 3 dias e eu teria que procurar outro local para sexta-feira.

Dei uma boa descansada e retornei à praça da  catedral por volta de 15:00 hs; Mais e mais peregrinos chegando naquela tarde numa verdadeira procissão.  Pesquisei alguns hotéis para o dia seguinte, mas tudo lotado. Fui então até o Centro de Apoio ao Peregrino, de uma atenção impecável  e acabaram por encontrar um quarto no Hotel Arco de Mazarelos para o dia 23/09. No final, este hotel era bem mais perto da praça do Obradoiro (Catedral) do que o Palácio del Carmem o que facilitava muito minhas idas e vindas.

Decidi então ir ao local ao local onde se obtém a Compostela mas a fila estava enorme; fui informado que funcionaria até 20:00 hs. A esta altura a fome estava grande e os restaurantes com mesas nas calçadas muito atrativos. Escolhi um caprichado – a sensação era de que eu merecia – e almocei um belo filet no estilo galego regado a vinho do peregrino.

Curiosamente a história da peregrinação, especialmente no auge da idade média, é uma história de sacrifícios de toda espécie principalmente o jejum alimentar. Felizmente já passamos desta fase. 

Depois do almoço, retornei ao Centro do Peregrino e decidi entrar na fila para pegar meu “diploma”. Creio que fiquei quase duas horas na fila, batendo papo com os peregrinos e nem vi passar o tempo. Entreguei a Credencial, respondi a algumas perguntas sobre quais eram as motivações de minha viagem e sai de lá com a Compostela.

                                                    
A missa na Catedral começou as 19:30 hs com a benção aos peregrinos. Uma jovem freira cantava divinamente e nos presenteou com o fundo musical da cerimonia do BOTA-FUMEIRO. 

Vale a pena buscar no Google algum vídeo desta cerimonia pois é emocionante,   mas a energia daquele momento, acredito que só mesmo estando presente.

Terminada a cerimônia retornei ao hotel e comecei a responder os diversos e-mails de familiares e amigos felicitando pela chegada em Santiago. Havia andado 18,6 km e certamente foi um dos dias mais intensos física e emocionalmente de toda minha Vida.

                                   ULTREYA, BUEN CAMINO A TODOS!